UNIOPERA

Ravel Bolero

Villas Lobos

2021

PROGRAMA
Heitor Villa-Lobos
(1887-1959)
Bachianas Brasileiras nº 4
Prelúdio

Heitor Villa-Lobos
(1887-1959)
Bachianas Brasileiras nº 2
I. Prelúdio (O canto do capadócio)
II. Ária (O canto da nossa terra)
III. Dança (Lembrança do sertão)
IV. Toccata (O trenzinho do caipira)

Heitor Villa-Lobos
(1887-1959)
Choros nº 10
“Rasga o coração”
I. Animé
II. Lent – Animé
III. Très peu animé et bien rythmé

Se tu queres ver a imensidão do céu e o mar
Refletindo a prismatização da luz solar
Rasga o coração, vem te debruçar
Sobre a vastidão do meu penar.

Sorve todo o olor que anda a recender
Pelas espinhosas florações do meu sofrer.
Vê se podes ler nas suas pulsações
As brancas ilusões e o que ele diz no seu gemer

E que não pode a ti dizer nas palpitações
Ouve-o brandamente, docemente a palpitar.
Casto e purpural, a um treno vesperal,
Mais puro que uma cândida vestal.

Rasga o que hás de ver lá dentro a dor a soluçar
Sob o peso de uma cruz de lágrimas chorar.
Anjos a cantar preces divinais,
Deus a ritmar seus pobres ‘ais’.
Poema de Catullo da Paixão Cearense

Maurice Ravel
(1875-1937)
Boléro
ORQUESTRA ACADÊMICA DE SÃO PAULO
CORAL DA CIDADE DE SÃO PAULO
Luciano Camargo
Regente

SOBRE O PROGRAMA

O ciclo dos Choros e o ciclo das Bachianas Brasileiras são as obras mais representativas da poética composicional de Heitor Villa-Lobos. Ambos constituem ciclos de obras desiguais, tanto em dimensões como também na utilização instrumental – os Choros 1, 2, 4 e 7 são composições camerísticas; o Choros nº 5 foi escrito para piano solo; os demais são obras orquestrais e/ou corais. O Choros nº 10 tornou-se a obra vocal-sinfônica mais célebre do compositor, pois apresenta a gênese composicional de Villa-Lobos: a evocação da natureza e a transfiguração da expressão artística popular na síntese mestiça das manifestações étnicas da cultura brasileira – do índio, do negro e do branco – em uma composição matizada por processos impressionistas.
A obra é dividida em 3 partes principais: a primeira e a segunda constituem movimentos orquestrais de expressão pictórica – sons inspirados na natureza compõem um quadro tropical, desde a delicadeza de sons de pássaros e insetos à selvageria inerente ao instinto animal, numa floresta de sons de grande impulsividade. O elemento melódico mais marcante nas duas seções iniciais estará presente em toda obra: trata-se de uma canção de ninar dos índios parecis recolhida por Roquette Pinto denominada “Mokocê maká”, que é obsessivamente transfigurada, modificada e variada. A parte final constitui o “chôro” propriamente dito, quando as três etnias são representadas integradas numa composição exuberante: o ritmo marcado da percussão apresenta uma característica nitidamente afro-brasileira; o coral inicia um canto obsessivo baseado no motivo indígena “Mokocê maká”, que apesar do texto não representar nenhum conteúdo semântico, ele apresenta fonemas típicos do tupi-guarani que, cantados com essa articulação e linhas melódicas, torna-se extremamente convincente como uma transfiguração de cantos indígenas. A composição é completada com a entrada da melodia “Rasga o Coração”, uma modinha de acento luso-brasileiro que remete à influência cultural dos colonizadores brancos europeus. Trata-se do elemento mais controverso da obra, uma vez que, tendo sido composta por Anacleto de Medeiros (antigo colega de Villa-Lobos dos choros da noite carioca) e o texto escrito por Catullo da Paixão, inadvertidamente apropriou-se Villa-Lobos desta música sem informar seus verdadeiros criadores, resultando em um questionamento jurídico de direitos autorais. Em essência, Villa-Lobos foi fiel à prática dos chorões – cantar melodias ininterruptamente, improvisando e variando a piacere. O resultado da “perícia” foi que, melodicamente, não foi constituído plágio, uma vez que Villa-Lobos fez “adaptações” rítmicas e melódicas em relação à obra original. Quanto ao uso do texto de Catullo da Paixão, não houve argumentação que o sustentasse – o Choros nº 10 teve sua execução com o texto de Catullo prescrita, e a 1ª edição francesa da obra teve que ser reimpressa substituindo o texto em português por uma vocalização da letra “a”. Aqui apresentamos a obra original, sabendo que o subtítulo “Rasga o coração” é com justiça atribuído a essa obra monumental.
Um ano após participar da Semana da Arte Moderna em São Paulo em 1922, Villa-Lobos vai para Paris, onde tem contato com artistas e com a música impressionista. As marcas do impressionismo tornaram-se parte de seu pensamento musical, especialmente a utilização de paralelismos melódicos e escalas exóticas, fundindo-se com o ritmo e a vitalidade da música brasileira. Assim, são inúmeras as relações entre a música de Villa-Lobos e de Ravel. O célebre Boléro foi composto a pedido da bailarina Ida Rubinstein para uma coreografia baseada em temas folclóricos espanhóis. Estreada em Paris em 1928, a obra era considerada por Ravel um exercício de orquestração, pois sua estrutura é simples, baseada na mera alternância de duas frases musicais. Entretanto, essa aparente simplicidade revela a síntese da música impressionista, cujos contornos melódicos são “esfumaçados” pelo paralelismo das linhas instrumentais, criando espectros cromáticos diferenciados a cada repetição da melodia, inicialmente com timbres suaves e delicados, amplificando-se gradualmente até a conclusão monumental da orquestra completa tocando em fortíssimo.


Luciano Camargo

ORQUESTRA ACADÊMICA DE SÃO PAULO

Violinos 
Kleberson Buzo (spalla)
Laércio Diniz
Anderson Cardoso
Jair Guarnieri
Karen Crippa
Letícia Andrade
Mariya Krastanova
Nikolay Iliev Iliev
Thais Morais
Tiago Paganini

Violas
Tiago Vieira
Camila Ribeiro
Elisa Monteiro
Gilvan Calsolari

Violoncelos
Denise Ferrari
Franklin Martins
Gustavo Lessa
Natalia Bueno

Contrabaixos
Paulo Brucoli
Cleber Castro

Flautas
Ana Gaigalas
Brenda Carvalho

Oboés
Rafael Felipe
Tatiana Mesquita

Clarinetes
Leirson Maciel
Tiago Garcia

Fagotes
Osvanilson Castro
Patrícia Mastrella

Saxofone
Douglas Braga

Trompas
Vitor Ferreira Neves
Flavio Faria
Weslei Lima

Trompetes
Amarildo Nascimento
Michel Machado

Trombones
Leandro Febras
Agnelson Gonçalves
Jonathan Xavier

Tímpanos e percussão
Marcel Balciunas
Leandro Lui
Marco Monteiro

Harpa
Talita Martins

Piano
Juliana Ripke

CORAL DA CIDADE DE SÃO PAULO

Sopranos

Ana Paula Costa
Frederica Melica
Hellen Campos
Ines Moutinho
Lavínia Giampa
Lilian Mitter
Marcia Kobata
Maria das Graças Campanari
Maria Cristina Alves
Mariane Yoshigaye
Maricene Pereira
Mariza Leoni
Meire Cidade
Mika Ono
Miriam Celestino
Miriam Perazzio
Rosimeire Vieira
Rosiris Vieira
Solange Valls
Teresinha Santos
Thereza Branco


Contraltos

Adriana Reis
Ana Lucia Novaes
Graziela de Paula Lucas
Kaliny Aquino
Leny Menta
Lilian Borges
Livia Mund
Maria Cristina Vercelli
Miriam Veiga
Norma Almeida
Sandra Stech
Silvana Passos
Sonia Policarpo
Tatiana da Silva Lima
Thais Rodrigues
Valdecir Rosa
Valeria Viesti
Wakyria Bombonato
Yoshiko Sassaki

Tenores

Alexsander Ribas
Antonio Pádua Fernandes
Diogo Feitosa
Fabio Andrade
Felipe Umbelino
Oady Almeida
Paulo Gonçalves
Raphael Tessarotto

Baixos

Ari Lima
Eliezer Abade
Fabiano Nóbrega
Gabriel Gonzales
Linardi Abbamante
Luis Martins
Ronaldo Mariconi

Preparador Vocal

Chico Campos

Monitor convidado

Bruno Costa

Patronos da Associação Coral da Cidade de São Paulo

Adda Brito Malagodi
Affonso Risi Junior
Alex Castilho
Claudia Sibylle Dornbusch
Clayton Bispo
Cleusa Evangelista de Oliveira
Cristian Holovko
Eliane Becker
Fabio Andrade
Federica Melica
Itania Batista
Ivani Corbó Massari
Ivo Gobatto Junior
José Carlos Belfort Furia
José Roberto Correa
Joya E. Menezes Correia-Deur
Lívia Keila Mund Susemihl
Luciana Visconti Domingos
Mariana A. Rodrigues de Moraes
Miriam Ferreira Veiga
Newton Sant’Anna
Rita de Cássia Camargo
Rosa Marina Avilla
Sandra Stech
Silvana Alves Passos de Paula
Sílvia Jorgina Cassilha
Tânia Maria Moraes
Teresinha Eunice dos Santos
Valdecir Rosa dos Santos
Walkyria da Costa Bombonato

Seja você também nosso patrono!

Luciano Camargo

Especialista no repertório vocal-sinfônico, Luciano Camargo tem se destacado na área operística dirigindo as produções de La bohème, A Flauta Mágica, Carmen e La Traviata no Teatro Bradesco. É formado em regência orquestral pela ECA-USP e mestre e doutor em música pela mesma instituição. Cursou aperfeiçoamento com Klaus Hövelmann e Peter Gülke em Freiburg (Alemanha) e Ira Levin (Brasil), tendo recebido também orientação de Roberto Tibiriçá, Roberto Duarte e Osvaldo Ferreira. Foi Diretor de Música Sacra da St. Peter und Paul Kirche Freiburg (Alemanha) de 2000 a 2002. Atuou frente a importantes orquestras brasileiras, sendo que desde 2003 é o Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Acadêmica de São Paulo e do Coral da Cidade de São Paulo, tendo realizado mais de 100 concertos, incluindo a montagem da ópera “Orfeu e Eurídice” de Gluck no Theatro São Pedro. Foi assistente do Maestro Ira Levin no I Festival Internacional de Brasília (2005) e um dos participantes selecionados para o II Prêmio OSESP de Regência Orquestral (2006). Em 2007 realizou estágio acadêmico em regência orquestral no Conservatório Estatal “Rimsky-Korsakov” de São Petersburgo (Rússia) na classe de Mikhail Kukushkin. Foi professor de regência e canto coral na Universidade Federal de Roraima entre 2017 e 2023, quando assumiu como professor efetivo no Instituto de Artes da UNESP em São Paulo.

Direção Artística
Luciano Camargo

Produção Executiva
Irani Celestino

Assistente de Produção
Jessica Bononi Baquero

Preparador Vocal
Francisco Campos Neto

Monitoria Coral
Oady Lohan
Andressa Braga 

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